Tenho que confessar, quando ouvi falar que o Baiano reabriu suas portas, me senti intrigada e ao mesmo tempo emocionada com a nostalgia. A lembrança das famosas batidas fizeram acelerar também as batidas do meu coração, em um bom sentido, é claro.
O novo Baiano fica dentro da galeria do Palhano Square Garden, um pouco escondidinho, mas com certeza um tesouro cheio de comes e bebes preciosos. A estrutura do espaço está moderna, mas com elementos que lembram a antiga casa, como as grades e balcão exposto, de onde a gente acompanha tudo sendo feito.
Para quem não conhece a história, o Baiano era o nome de um antigo bar de Londrina especializado em batidas. Abriu suas portas em 1969, passou por vários endereços, sendo o último ali na Avenida Higienópolis, em frente à boate 2800.
Era o aquece da balada, sendo ponto obrigatório para quem fosse nas baladas vizinhas. Sem revelar a minha idade hehe, confesso que vivi tudo isso.
A casa fechou as portas em 2006 e agora volta com tudo, para matar as saudades daquela geração e conquistar uma nova leva com seus quitutes e batidas.
Um baiano japonês
Uma curiosidade sobre o Baiano. Seu fundador, o sr. Antonio Kanashiro, de baiano não tem nada, rs. Descendente de japonês, ele é na verdade nascido em São Paulo! Mas, como assim?
Quando abriu o bar, Kanashiro começou a ficar famoso pelas suas batidas. Um certo dia chegou um sujeito que perguntou se ele era baiano. “Não sou não, sou paulista”, respondeu. E o cara continuou a chamar ele de baiano.
O Sr. Antonio, intrigado, resolveu perguntar porque o sujeito insistia no apelido, foi então que ele respondeu. “É porque só baiano que faz batida boa”! A partir daí, o Sr. Antonio Kanashiro se tornou o baiano, o rei da batida.
Décadas, histórias e muitas batidinhas depois, quem cuida da casa agora é o Luis Gustavo, o baiano filho, que coordena tudinho ao lado da família.
Mas, vamos aos comes e bebes
Para começar, pedi 3 batidinhas: uma de coco com vodka, outra de morango com vinho e outra de pêssego com vinho. Todas pelo preço de R$ 14 cada.
Às vezes você trabalha um dia inteiro, tem aquele dia de cão e tudo o que você precisa é de uma batida de pêssego em calda. Não precisa falar mais nada, né.
Para alimentar, porque nem só de bebidas vive o homem, pedi meia porção de Patamares (R$ 31 inteira – R$ 15,50 meia) e meia porção de salgados mistos ( R$ 32 inteira – R$ 16 meia).
Patamares é uma porção de massa artesanal, molho bechamel e queijo empanada e frita com molho bolonhesa. Também tem opção de jogar somente molho de tomate, sem carne – para os vegetarianos.
Pedi meia porção e sustenta muito bem, se eu não quisesse provar mais coisas, com certeza teria pedido mais meia porção, porque é delha, viu.
Os salgados mistos, todos são bons, mas tem uma estrela do prato – e também da casa: O croquete de carne!
Ele é cremoso por dentro e tem uma crosta crocante por fora. Sabe aquela comida que você experimenta e pensa: poderia comer isso em todas as refeições? É ele. Só experimentando para entender a emoção.
Para acompanhar, pedi uma Caipirinha de Tutti Frutti com Vodka (R$16) e outra de abacaxi com Whisky (R$18).
Refrescante e docinha, a caipira de Tutti Frutti vem com kiwi, morango e pêssego em calda. Até uma sugestão que darei, na próxima vez, é de colocarem no cardápio uma caipira só de pêssego em calda, amei demais!
A caipira de Whisky, quando pedi, pensei: essa é para os fortes! E eu sou forte e curto whisky. Porém não achei a melhor pedida do cardápio, na minha opinião poderiam usar outra marca de Whisky.
Conversando com o baiano filho, descobri que a responsável pela criação do cardápio, é a mãe dele, a sra. Cecília Kanashiro, uma cozinheiro de mão cheia, que comanda as panelas desde o início, em 1969. Com 86 anos, a Sra. Cecília comparece todos os dias no restaurante para comandar o almoço.
Para o almoço
O Baiano também abre suas portas no almoço, de segunda-feira a sábado, com o sistema de self-service.
Preciso voltar…
Tudo o que provei por lá segue a tradição e o carinho único que só essa família baiana oriental paulista consegue ter. Seria esse o segredo? Acho que “preciso” voltar mais e mais vezes para saber, rs.